quinta-feira, 10 de novembro de 2022

FRANCISCO ERCÍLIO PINHEIRO DE OLIVEIRA

 


SAUDADE DE ERCÍLIO PINHEIRO, O CANTADOR DO SERTÃO

Nasceu em 13 de setembro de 1919, no Sítio Arapuá, município de Luís Gomes.

Era filho de Manuel Francisco de Oliveira e Otília Fernandes de Oliveira. Seus irmãos, todos vivos, são Maria Pinheiro de Oliveira (Maroca), Amélia Pinheiro Gadelha, João Franco Pinheiro (proprietário do BAR 1, D – Mossoró e Joaquim Franco Pinheiro.

Seu professor, daqueles que ensinavam na casa de alguns médio-proprietário foi o mestre Domingos  Cipriano, homem rígido, porém educado e possuidor de boa cultura. Mestre Domingos, além de não cobrar nada pelo que ensinava a Ercílio, foi quem lhe deu a primeira viola.

Ercílio desde  cedo  deixava sobressair seu dom de poeta. Menino ainda, se fazia dupla com uma de  suas irmãs e batendo  em uma lata ia construindo seus primeiros versos.  Cantoria só teve ao lado do velho e também ia falecido Inocêncio Gato que lhe deu as primeiras coordenadas de técnica do improviso, com lições mais precisas sobre rima, métrica, oração, ritmo, melodia, estilos de cantar e comportamento do cantador.

Ercílio Pinheiro foi um amante d vida sertaneja. Adorava ver a lavoura crescer e produzir. Nela trabalhou muito. Quando criança de criar. E era um perito no aboio quando caminhava no coice do seu pequeno rebanho. Além de aboiar com versos improvisados, o fazia em toadas dolentes e bonitas, deixando um rastro de poesia na caminhada  do gado nas mangas por onde passava às manhãs e tardes do sertão, entre um compromisso e outro de cantorias.

Era democrata-liberal na política. Seguiu esta linha desde menino e quando morreu, em 1953, era filiado ao PSD, pelo qual era candidato  a vereador pelo município de Tabuleiro do Norte-Ceará.

Sua morte, aos 40 anos de idade, deixou uma a lacuna na poesia nordestina. Seus colegas, José Alves Sobrinho, Francisco Honório, Manuel Calixto, Chico Pedra, os outros do seu tempo choraram ao lado dos familiares a grande perda e a nova geração relembra a figura de Ercílio como exemplo de competência, inspiração, cultura e moral.

Ercílio Pinheiro manteve durante muitos anos, um programa de Rádio pela Difusora de Mossoró, tendo também participado em programas de outras emissoras do Rio Grande do Norte e Ceará.

Num de seu programa, o colega, Otácilio  Batista teve que ir ao Ceará passar o aniversário com a esposa e filhas em Tabuleiro do Norte. Ao sintonizar o rádio, Otácilio colhe uma das inúmeras belas estrofes de Ercílio.

FONTE – O MOSSOROENSE, DE 9 DE ABRIL DE 1983 - SÁBADO

FRANCISCO ERCÍLIO PINHEIRO DE OLIVEIRA

 


Francisco Ercilio Pinheiro, brasileiro, falecido, poeta repentista, nascido na Cidade de Luís Gomes, Estado do Rio Grande do Norte, no dia 18 de Novembro de 1.918, filho de Manoel Franco de Oliveira e Otília Fernandes Pinheiro de Oliveira , era casado com Maria Sousa Pinheiro, na Cidade de Tabuleiro do Norte, onde erradicou-se, e ali teve 09 filhos, sendo 04 mulheres e 05 homens. Amou muito aquela terra e ali participou de todos movimentos políticos e sociais. Foi lá onde fez suas primeiras cantorias profissionalmente, tendo iniciado no seu Estado aos dezoito anos de idade. Foi muito bem recebido e mandou buscar toda família e ali viveu, até o seu falecimento ,aos 39 anos de idade, em 09 de abril de 1.958. Viajou pelo Nordeste inteiro, cantou com todos os cantadores renomados da época , como; Rogaciano Leite, Pinto do Monteiro, Dimas Batista, Otacílio Batista, Lourival Batista, José Aires de Mendonça, Chico Pedra de Oliveira, Manoel Xudu e tantos outros.

Cantou em algumas Rádios, em Recife, Mossoró, Campina Grande, etc.
Em razão, do seu precoce falecimento, nada restou gravado. O que temos deixou escrito de próprio punho e muitas das suas estrofes
ficaram na memória dos apologistas que ficaram passando de pai para filho é até hoje, chegam até nós. E muitas estão escritas em livros que foram publicados. Sobre sua história, foi publicado o livro, intitulado “Ercilio Pinheiro, uma rápida e bonita passagem entre nós”. De autoria de sua filha – Lua Pinheiro.

É padrinho da Academia Literária  do Clube da Poesia Nordestina

FRANCISCO ERCÍLIO PINHEIRO DE OLIVEIRA

 



ERCÍLIO OU HERCÍLIO PINHEIRO(Francisco Ercílio Pinheiro de Oliveira) – Luiz Gomes-RN, 18-11-1918 – Tabuleiro do Norte – CE, 09-04-1958, morreu com apenas 40 anos incompletos, mas deixou um respeitável nome na história da cantoria nordestina. Boa voz, dom de repentista, estudioso, carismático, impressionou fortemente a quantos o ouviram e com ele cantaram. Dizem que o velho Pinto do Monteiro foi ao Ceará somente para cantar com ele, e, não o encontrando por lá, disse:

“Eu subi ao Ceará,
que chamam terra da luz,
mas não cantar com Hercílio
é cravar-me numa cruz,
é como subir ao céu
e não falar com Jesus!”

Conta-se que, na cantoria em que os dois geniais repentistas realmente se encontraram, Hercílio brindou o mestre Pinto com esta magistral sextilha:

“Canta, Severino Pinto,

massa dos quatro elementos,
catadupa do improviso,
montanha de pensamentos,
grandeza de céus e mares,
força da rosa-dos-ventos!”

(Informante: Raimundo Lourival de Lima(Lourinho), funcionário do Banco do Nordeste, Currais Novos – RN, gerente, em 1985). O poeta José de Sousa tem uma versão desse repente de Hercílio que apresenta diferenças em alguns versos, mas não demonstrou a devida segurança para contestar a informação de Raimundo Lourival. Esse tipo de dúvida para trabalho de improviso que não foi gravado ou anotado no momento de sua criação é muito comum, e o pesquisador muitas vezes não tem como solucionar, optando por apresentar a forma mais aceitável, para não deixar de registrar um repente de alta expressão, como é o caso analisado.

Numa cantoria, quando o assunto girava em torno da fé em Deus, Hercílio, reconhecendo que sem Ele nada somos, improvisou:

“Eu fui, eu sou e serei…
São três coisas de mister.
Se eu fui foi porque Deus quis,
se eu sou é porque Deus quer,
e para o tempo futuro
eu serei, se Deus quiser.”

Hercílio cantava numa casa sertaneja quando o companheiro chamou sua atenção para uma lagartixa que caía do teto:

“Caiu um bicho nojento,
feio e sujo sem parelha!”

Hercílio resumiu com arte e graça:

“Caiu um bicho da telha,

parece uma lagartixa:
é carne que não se come,
é couro que não se espicha.
Eu peço ao dono da casa:
pegue um pau, mate essa bicha!”

Hercílio cantava com Dimas Batista em mútuos elogios. Dimas findou assim uma sextilha:

“Não vejo quem pague os versos
do grande Hercílio Pinheiro.”

Hercílio, inspirado e elegante, respondeu:

“Enfrentar meu companheiro,
cantando, ninguém se atreve.
No momento em que ele canta
Parece que Deus escreve
Com tinta da cor do céu,
Em papel feito de neve

Numa cantoria em que os repentistas falavam da Escritura Sagrada, Hercílio improvisou:

“Na Escritura Sagrada,
me lembro que Jesus disse:
“Quem tivesse pra dar, desse,
quem não tivesse, pedisse;
quem fosse triste chorasse,
quem fosse alegre sorrisse.”

Dimas Batista, em dura peleja com Hercílio, assanhou a fera:

O que eu fizer num minuto
Você num ano não faz.

Hercílio foi fulminante na reprimenda:

Você tem razão demais,

Porque nasceu desumano,
Mesmo este é o costume
Do povo pernambucano:
Fala a verdade um minuto
E mente o resto do ano.

Por fim, minha homenagem ao inesquecível Hercílio Pinheiro:

-Perdemos há meio século
Nosso grande violeiro
E, por todos os recantos,
Lamenta o Nordeste inteiro
O silêncio da viola
Do grande Hercílio Pinheiro.

Seu nome virou legenda
No mundo da cantoria;
Morreu jovem, mas deixou
Um rastro de poesia
Que ilustra as mais lindas páginas
De sua biografia.

FONTE – OCEANO DE LETRAS

FRANCISCO ERCÍLIO PINHEIRO DE OLIVEIRA

  SAUDADE DE ERCÍLIO PINHEIRO, O CANTADOR DO SERTÃO Nasceu em 13 de setembro de 1919, no Sítio Arapuá, município de Luís Gomes. Era filh...